Catch-up de Domingo

Caminhadas, plásticos e pensamentos soltos

Presumo que isto seja um “mal” de quem tem cães, ou talvez seja só eu, mas o sentimento de culpa quando saio para caminhar sozinha tornou-se um sentimento cada dia mais familiar. Chega a ser ridículo, mas isso não reduz aquele stress. Hoje senti-me autorizada porque a Clara está num dos cios dela e nestas alturas ela fica por casa, aliás até diria que ela já sabe quando começam os primeiros sintomas. O olhar dela fica cabisbaixo, expressando o seu descontentamento por ficar reclusa da sua própria natureza!!

Hoje saí para caminhar, eram já 20:30, o final de dia na aldeia é sempre mágico, e apercebi-me da falta que sentia de caminhar na minha própria companhia, sem telemóvel, num constante day dreaming. Adoro e namoro as ruas da minha aldeia, as flores que despontam nas dobras dos muros, as hortas e o que está em season. Os girassóis gigantes que começam a despertar quando as roseiras já expressaram toda a sua juventude. É o máximo. As vinhas estão carregadas de cachos e há dálias por todo o lado.

Tomei então a decisão de, neste projecto de regresso a mim, esta semana caminhar duas vezes sozinha. Acrescento aos dois dias em que nado e um dia de yoga. Eu diria que estou a fazer progressos.

 

Ao caminhar, pensava no quanto deixei de fazer tanta coisa que era essencial para o meu equilíbrio ao longo de 2024 e 2025 porque toda eu me ofereci de corpo e alma, ou até talvez ao contrário, no acompanhamento da minha mãe, especialmente a seguir a termos tomado a árdua, árdua,… decisão de a colocar numa residência geriátrica (que forma mais leve do que a palavra, lar).

No momento em que a casa dela recolheu a uma penumbra da ausência de quem a habitou, passou a habitar em nós uma culpa de a deixar ali e expandir o amor, ou a expressão do mesmo, no cuidado que lhe prestamos. Lentamente, fomo-nos adaptando e até relaxando e tudo ganhou um flow natural, mas ir lá e estar com ela, aproveitar a presença dela, é um prazer e nunca uma obrigação. Mas, nesse novo estilo de vida, foram-se os fins de semana completos e o meu cansaço foi tão latente que me esqueci por completo de me cuidar, nas práticas que expressam toda a minha identidade. Aquelas que a minha alma escolheu.

Tenho saudades de a ver autónoma e activa no seu computador a explorar videos de saude natural…

 

Também dei comigo a pensar, ou melhor diria a constatar, que num curto espaço de alguns metros à volta do largo da igreja apanhei do chão umas dez garrafas de plástico e outros tantos copos… e eu pergunto: não há TikTok suficientes, já que agora parece ser o único alimento para o nosso cérebro, que mostrem a quantidade de plásticos que vão inevitavelmente parar ao mar??

Sou incapaz de passar por algo de plástico nas minhas caminhadas e deixar ficar no chão numa total indiferença. Claro que sei a escala da minha capacidade e não sou fundamentalista, mas se apanhar uma ou duas já sinto que estou a fazer algo.

Amanhã volto com um saco de plástico e uma luva para tirar alguns que boiam num pequeno lago cheio de rãs, que encantam os meus fins de tarde com o seu coaxar e saltos de mortal encarpado!!

Para finalizar, e porque já se faz tarde, também dei comigo a pensar, à custa dos Tiquetoques… :-) no quão agradável é estar a escrever um blog. É curioso o quanto sinto que estou a escrever e a organizar pensamentos tal como faço nos meus cadernos.

Bem, hoje fico por aqui.

Vemo-nos em breve?

Uma boa semana*

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